25 de out. de 2012

TEXTO DE ABERTURA ( esse texto foi lido pelo encenador CARLOS BARTOLOMEU quando da apresentação do festival no recife, denominado Janeiro de Grandes Espetáculos/2005/6).


Senhoras e senhores sejam bem-vindos ao Teatro ARMAZEM-, esta noite apresentando: ATORES DO ÓRGÃO IRRESPONSÁVEL, uma realização da COMPANHIA DO CHISTE – os Comediantes de PE.

De inicio, assistiremos – ATORES DA NOITE, uma indizível peça, cujo autor, Carlos Bartolomeu, seguindo a onda que afeta e impulsiona o teatro local, também dirigiu, e criou outras coisitas mais deste espetáculo, interferindo substancialmente em outros tantos...

Em seguida, subirá à cena, o hilariante testemunho cênico de Walther Moreira Santos – O CORAÇÃO É UM ÓRGÃO IRRESPONSÁVEL. Para sermos bem verdadeiros, informamos ao publico que o autor não suportou a encenação de sua obra, amaldiçoando a perda do caráter romântico-doris/hudson de sua escritura.

Aos que temem espetáculos de longa duração, informamos que este é de mais ou menos duração. Todavia recordamos que neste horário vocês já estariam discutindo a respeito do espetáculo das 20 horas, OU não. Criticando as soluções que a direção levou meses para desenvolver e maturar, às vezes.

Para efeito pedagógico passamos agora as instruções que facilitarão a interação palco-platéia, figura-fundo, sujeito-objeto... Eis: Regras Básicas para Assistência de Espetáculos pós-Brega épico, assumidamente pop parnasianos.

1º: O espetáculo divide-se em dois atos. Haverá um intermezzo entre eles. 2º. A primeira peça precederá a segunda, e esta será apresentada depois.

3º: No afã de entenderem a proposta de encenação, desconsiderem rapidamente tal pensamento. ‘ATORES DO ÓRGÃO IRRESPONSÁVE’ muito sofisticadamente encerra a temporada de idéias, filigranas teóricas e exageros conceituais. De volta ao ‘nadismo’ local, toma de empréstimo as tecnicalidades, procedimentos artísticos e profundezas inconscientes da criativa classe de obscuros interpretes que despontam para fama. Nosso trabalho implora, pede compreensão, reconhecendo-se abaixo das expectativas e idealizações de tão valorosa comunidade. Qual seja a Comunidade dos Artistas Ambidestros da Dramática Pernambucana.

Que Viva a Graça! A doce baixaria e a irônica certeza que se acabarmos um dia, não faremos falta. Mas, o mundo terá com certeza se tornado pobre, muito pobre.

4º, última e inútil instrução: Como gênero podemos dar a este espetáculo a denominação de in-comédia. Não out nem over. “In comedia”. O exposto não nos obriga a risíveis arroubos, há um risinho interior, um deboche implícito também. Na cena cômica, a gargalhada de um é dor de outro. O fruto desse exercício é um certo, sentimento da leveza; pobreza; desapontamento e... Esperança.

Desliguem os telefones moveis, bips e similares e ao contrário de outros eventos, é permitido alimentar aos atores, contudo solicitamos a utilização de salmão e vinho tinto. Ou NÃO.

Aos meus atores e equipe técnica deixo as bênçãos de Nossa Senhora do Carmo, excelsa padroeira do Recife, o orgulho de suas mamães, e as lembranças de Dalva de Oliveira, Edith Piaf e Billie Holliday. Mais veado do que isso impossível. Merda para todos.

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