Aos INTÉRPRETES Do Recife e Comediantes de PE -
Carlos Bartolomeu
PARA AQUELES QUE SE ENCONTRAM NO CAMINHO DAS ARTES CÊNICAS RESERVO-ME A ESPERANÇA QUE COMPREENDAM O LIMITE DA ÉTICA COMO ELEMENTO IMPRESCINDÍVEL A REALIZAÇÃO TEATRAL.
POR TRÁS DE NOSSOS SUPERÁVEIS DEFEITOS, E DA INADIÁVEL NECESSIDADE DE PRECISARMOS DIZER ALGO PARA O MUNDO, PERCEBAM O ROTEIRO DA VERDADE, A VIDA É UM FATO CONSTRUTOR DE POSSIBILIDADES, DO SONHO, E CRIAÇÃO, É AUXÍLIO AO ENTENDIMENTO DE QUE VIEMOS PARA APRENDER. A REALIDADE QUE ELA NOS OFERTA É UM A PROPOSTA DE QUE NOSSO ENTORNO É DESMONTÁVEL, NOSSA BAGAGEM SUPERFLUA. O TEATRO CARREGA EM SUA ARCANA COMPETENCIA: PASSAGEM.
AO LONGO DOS ANOS MEU OFÍCIO TEM SE REVELADO UMA METÁFORA, ÍNDICE DE POTENCIAL CAMINHO À ENTREGA CRIATIVA, DA CONJUGAÇÃO DE INUMEROS PLANOS, BOA VONTADE, DA IRRECUSÁVEL INTUIÇÃO DE CONHECER ENQUANTO ARTISTA COMO É IMPERMANENTE NOSSO OFÍCIO. ATUAR, INTERPRETAR, ENCENAR É PROCURA, UM ACHADO JAMAIS FINALIZADO. NOSSA ULTERIDADE É A SUPERAÇÃO DO PRÓPRIO ESTADO, DESPOJAMENTO DA MÁSCARA, VER AS COSTAS DO PÚBLICO. PERDA DE IDENTIDADE: ENCONTRO.
É ASSIM QUE O TEATRO TRANSPORTA-SE, CONDUZ VIDA. COMO DE RESTO ESTARMOS NELE É TAMBÉM, ESTABELECERMOS UM DIÁLOGO COM AS FORMAS DE MORTE, E NESTA CONVERSAÇÃO SUPERARMOS O FORMATO DA TOTALIDADE DO ADEUS. O TEATRO NOS ENSINA COM SUA ALTERNANCIA ENTRE FINS E RETORNOS, PONDERANDO MEDOS E DESEJOS, ALICIANDO CORAGEM... COMO QUANDO DEIXAMOS CAIR A MÁSCARA, E ENFRENTAMOS A REVELAÇÃO E EXIGÊNCIA DO VAZIO. À MANEIRA DE UMA PERSONAGEM QUE SE DESPEDE, PARTAMOS PARA A COXIA. NA MAIOR PARTE DAS VEZES É LÁ NOSSO LUGAR. FIQUEMOS EXULTANTES; MUITO DAS AÇÕES HUMANAS REVELA SUA EXATA DIMENSÃO QUANDO OCUPADA NO DESPOJAMENTO.
A DIMENSÃO PERTUBADORA DE SE SER O CENTRO, O FOCO DE ATENÇÃO NÃO SE SUSTENTA NO MEDO, NEM NO ORGULHO EM DEMASIA; MUITO CEDO, SE VOCÊS FOREM ARTISTAS VERDADEIROS, DESCOBRIRÃO O INSUPORTÁVEL PESO DA RESPONSABILIDADE. ISSO, INEVITÁVELMENTE ACONTECERÁ SE VOCÊS TIVEREM CARÁTER E AMAREM A VERDADE.
TODO ATOR É UM FINGIDOR, MELHOR DIZENDO, UM FUGIDIO, OU PELO MENOS DEVERIA TER A CONSCIÊNCIA DE SE RECONHECER ASSIM. NA AUSÊNCIA DESSES DOIS REQUISITOS PRECIOSOS, SOBREVIVERÃO COMO FANTOCHES, BONECOS DE LUVA SEM UM ESPÍRITO REAL QUE A ELES SE FIXE. POR ISSO PEÇO A TODOS VOCÊS; CUIDEM DA ALMA, ALIMENTEM O LADO INTERIOR COM A COMPAIXÃO E AMOROSIDADE QUE VOCÊS DEDICARIAM AOS PEQUENOS SERES, AS CRIATURAS SEM DEFESA, SEM VOZ.
-SEJAM CRIANÇAS SEMPRE, SEJAM CLOWNS.- (1)
EU OS AMO ASSIM, EU ASSIM OS VEJO. EMOCIONADO ME FLAGRO A ESCUTAR O CORAÇÃO DE CADA UM DE VOCÊS COM UMA INDÍZIVEL ALEGRIA. NÃO SE ESPANTEM COM ESTA DECLARAÇÃO PLENA DE TERNURA, DERRAMADA... GUARDO ESPAÇOS INIMAGINÁVEIS PARA O EXERCÍCIO DO AFETO E DO COMPANHEIRISMO. QUERO QUE VOCÊS SAIBAM: HÁ UM DEUS QUE MORA COMIGO, ELE ME CONHECE E DISSO ELE SABE, ZOMBA DAS RAZÕES DE SER DESSAS MINHAS EXPLOSÕES AMOROSAS. AS GARGALHADAS, QUASE SUFOCANDO DE TANTO RIR, APONTA-ME O LADO ESQUERDO E MALICIOSO CONFESSA: ESTÁS AGINDO COMO EU! DEPOIS, APENAS SORRIDENTE, LEVEMENTE SUADO, ME OLHANDO DENTRO DOS OLHOS, FALA BAIXINHO UMAS FRASES LINDAS, PERFEITAS, PONTUADAS POR ANJOS E EU COMPRENDO. FICANDO A OUVIR SÓ COM O ENTENDIMENTO DOS ENTERNECIDOS. DAQUELES QUE SÃO NA PRIMEIRA PESSOA... DO PESSOA. PASSADO UM TEMPO RECOBRO DA REPRESENTAÇÃO. DA PRIMEIRA PARTE, JÁ REPRESENTADA, EU ME RECORDO. DO MAIS NADA LEMBRO, APENAS SINTO E SEI QUE SEU RECADO É PESSOAL, INTRADUZÍVEL. NÃO EXISTEM PALAVRAS PARA NOS POR EM CONTACTO COM TAL REALIDADE. APENAS O OUVIDO INTERIOR DE CADA UM DE NÓS É QUE POSSUE A TRADUÇÃO. POR ISSO, ESSE JEITO MEU DE ENSINAR, DE ME CONTAR, DE ME EXPLICAR, DE CONDUZIR. DE TAMBÉM ERRAR...
MEU OFÍCIO É A FELIZ ACOLHIDA DE UM LIMITADO REPERTÓRIO DE JOGOS E BRINCADEIRAS. A IMPRESCINDIVEL VONTADE DE TROCAR OS MEUS BRINQUEDOS PELOS DE VOCÊS. DIREI MAIS, NÃO É CARÊNCIA NO SEU SENTIDO BANAL QUE ME FAZ PROCEDER ASSIM, É ANTES, O DESEJO POR AQUELA CÁRITAS INCENDIADA QUE NOS FALOU MÁRIO DE ANDRADE, POR MIM ANOS ATRÁS CITADA, GRITADA. INCURSÃO COMO VOZ-OFF NA PEÇA “ATO NEGATIVO”. (2)
CREIAM-ME, UMA PARTE DO QUE ME FOI CONFIADO, FICA COMIGO. AO MEU LADO PASSEIA, SUSSURRANDO PIADAS INÁDIAVEIS, EMOÇÕES SEVERAS. ENCARNAÇÃO DE FANTASMAS BUFOS; CANTERVILLE E O PAI DE HAMLET. ESBRAVEJANDO: REMEMBER! REMEMBER! PARA LOGO EM SEGUIDA CONCLUIR PELA DILUIÇÃO PELO ESQUECIMENTO... MOMENTO TERRÍVEL QUJE POR SI SÓ SE COMPLETA E ME APASCENTA.
O QUE FALTA, PRESSINTO, IMAGINO. DESEJO A VOCÊS, A VIDA PARA BRINCAR. (3) (SE DECIDIREM FICAR ENTRE A COXIA E O PALCO, MAS SE FOREM PARA PLATÉIA... AÍ, PROCUREM OUTRO SCHOLAR). SE SINCERAMENTE QUEREM CONTINUAR A VIAGEM PELO ESPAÇO DA IMAGINAÇÃO E POESIA, SE AINDA QUISEREM ASSUMIR NOVAS MÁSCARAS E SEUS ADEREÇOS, ENTÃO PRESTEM ATENÇÃO A CERTOS TIPOS QUE CRUZARÃO SUAS VIDAS. (4) OUÇAM-ME E REGISTREM! TAIS FIGURAS RESISTEM AMPARADAS PELA NOSSA COMPLACÊNCIA E DESLEIXO COM AS COISAS DO BELO. REGISTREM E AJAM!
A LISTA QUE SE SEGUE, NÃO DEVE SER LIDA, COMO SE SUA ORDEM PRETENDESSE REALÇAR A IMPORTÂNCIA DE ALGUNS DE SEUS PERSONAGENS. MINHA PROPOSTA É LEVAR EM CONSIDERAÇÃO O ENUNCIADO SIMBOLICO EXPRESSO POR ELES. O DESENHO TRAÇADO POR SEUS ANUNCIOS ERRADIOS É TOSCO DEMAIS. PROPONHO DISTANCIA, MAS, ATUANDO COMO TESTEMUNHAS. LEMBRANDO QUE O FUNDAMENTO DA BRINCADEIRA É A DE VISITARMOS EM NÓS MESMOS O JULGAMENTO, A MÁ CONSCIÊNCIA.
ENCAREMOS O DESFILE. PUXANDO O GRUPO DE ALEGORIAS, ORA VESTINDO, ORA ENVERGONHADAMENTE RETIRANDO A MÁSCARA, DESPONTA, A FIGURA IMPERIAL DO:
'PROMETEU DE CENA'
Eles são muitos, egressos das mais remotas paragens, dos mais disparatados enxertos socioeducacionais. Surgem como cogumelos após as chuvas de verão. Navegam num mar de ilusão, orgulhosos de suas toscas obras com um fervor fundamentalista. Isentos de autocrítica, mas afeitos a por em descoberto o erro alheio, são capazes de construir teorias tolas para reduzir, destruir ou mesmo impedir a criativa visão do oponente. Entenda-se por oponente, desde o pobre artista bafejado por ocasional aura de reconhecimento e aplauso, até o Everest da teatralidade, o bambambam das artes. As razões pelas quais se dedicam a tão extremado ódio, quase sempre são inconfessáveis. Supõe-se que a atitude extremada, destile a lógica da inveja. Lógica esta, ordenada por um espírito voltado a duplicidade, no que tange a apreciação em si, daquilo que depreciam nos outros. Neles se distingue a limitadíssima cota do divertido, a sanidade da alegria. Detestam o riso, nunca se rindo deles próprios. Mas, quando se tratam dos outros... Para melhor desfilarem seu mau humor em relação ao espetáculo, texto, diretor ou ator desafeto. Entenda-se desafeto todo e qualquer indivíduo que não comungue de seu ideário. Alguém que participa de seu esquema de autopromoção, ou apenas seja brilhante, ou sinceramente eficaz no trato da causa dionisíaca. são capazes de mover céus e terras. Dedicam uma eternidade de suas vidas a construção ou reinvenção do nada. O silêncio também faz parte de suas estratégias no desmerecimento do valor alheio. Portanto ao emudecerem, bem atestam a forma vazia de conteúdo de suas ilações, valorações ou descobertas óbvias. Tolos de certo sucesso, aportam em instituições, frente a desavisados companheiros, lugares e espaços afins. Liberais na saliva, mas, não resistem ao dinheiro público. Secundando este oneroso bufão divisamos a figura não menos hilariante
O ACOMPANHANTE DA CELEBRIDADE LOCAL. Concorda obviamente com o que pensa a “celebridade”, detestando com estrepitosa celeridade, aquilo que esta apenas ironiza. Leitor ávido de orelhas de livros sobre arte cênica e artes em geral, apresenta conceitos, emite pareceres finamente recheado por citações. Vez por outra, desentende-se com a luz de seus horizontes, pois quase sempre o que sabe a respeito do mundo teatral, da estética, de resto da própria vida é de segunda mão, ou fortemente inspirado pelo ressentimento. Gostaria tal personagem, de ser ela mesma, uma celebridade. No entanto nutre certo profetismo contrário às suas arremetidas aos Alpes. Destina-se a passar o resto de seus dias a ser vítima da má sorte, da mesquinhez da cidade que não lhe reconhece o gênio. Mas, para sermos justos está perfeitamente adaptada a relação servo/patrão, a qual faz jus e na qual sobrevive em estado de permanente emulação ao outro. É sempre bom não esquecermos que esse tipo pegajoso, pode mudar de patrão e acompanhar outra opinião. Cuide para que essa não seja a sua. Na sequência aparece plena de gentileza,
Os SUIS GENERIS
De todas, talvez seja a mais intratável socialmente... Ela tem equivalência no universo de ser público como aquilo que cotidianamente reconhecemos por mala. Suis generis é uma sem alça; pesada e sem as rodinhas que viabilizem seu curso. Esbarra em seus pares e contrários, com uma desenvoltura própria de um crítico teatral em início de carreira, com o qual acreditam ter uma afinidade metafísica, pois na qualidade auto descoberta de entes sobrenaturais do quadro cultural de nossos dias, sentem-se guiados por mão divina no espaço que ocupam. Não obstante, por mais que procuremos não encontramos a origem de tanto conhecimento e sensibilidade angélica. Dominando todo e qualquer assunto cênico a personagem suis generis vai da tragédia babilônica ao melodrama soteropolitano, esgrimindo graça e verve ao dissertar sobre o drama napoleônico, atinge o estupor da sapiência asinina ao concluir em definitivo que o teatro local esta entregue às mãos de ingênuos, ineficazes, ociosos, embusteiros de marca maior, aos quais, deveríamos todos eles, pessoas de classe, agirem com dureza, obrigando a essa máfia de chupins a retomarem suas vidas no limbo, como figurantes de As Rãs, obviamente numa versão de final de ano letivo, de algum esforçado curso de teatro. Nunca se sabe de onde surgem, sua origem é quase sempre secreta, embora com a leveza que lhes é peculiar, são admitidos muitas e muitas vezes em ambientes de fino trato e pouca inteligência. Grande maioria dos de sua espécie, ocupam horas, com seu resfolegar enfadonho dissertando sobre hipotéticos antepassados, importantes e/ou teatrais, a insinuarem intimidades com a superestrutura. Apresentam nível educacional de duvidosa raiz, embora possamos encontrar essa graça de sujeito em corporações intelectuais; às vezes, as presidindo ou sentando as suas diretorias. Constantemente os avistamos vagando em vernissages, consertos e concertos e a toda e qualquer estréia. Em cem por cento dos casos, definem-se contrariamente ao espetáculo, enfim a criação do pobre artista que lhes caia na rede. No quesito autocrítica, é um tolo imorredouro, equivalente ao seu irmão em bestialidade, o acompanhante de celebridades. Com ele, todo cuidado é pouco. Logo em seguida, a desenvolta personagem, conhecida como:
A figura do NOTA de DEZ .
Dela podemos afirmar, ser conveniente a mais rigorosa distância, pois toda sua pessoa é feita de notas dissonantes de finíssima educação e sentimentalidade demasiada. Posicionando-se a maior parte do tempo a favor. Nunca é contrária a nada, e mesmo quando esse nada é mesmo um nada, uma inutilidade digna de sobrepor-se a qualquer recorde, o sujeito encontra sempre uma fresta, por onde, segundo ele se pode entrever talento, inteligência em estado latente, sensibilidade a ser lapidada. Quase sempre, o tal achado é um caso crônico de idiotismo 'vulgaris', de acefalia pura e simples ou pomposidade oca. A figura nota de dez é pródiga em descobertas e paternidades. Em ambos os casos a tal descoberta entra na maior parte do tempo, por assim dizer, com a porção material. Enquanto isso, o Pigmalião trata de empregar todo seu tirocínio na ocupação de tão rude, mas luxuriante espécime. NOSSA personagem é vagosimpatica e se permite a breves afagos no focinho. O par perfeito da figura nota de dez é a figura nota de zero. Ambos se merecem. POR ÚLTIMO, PORÉM, NÃO ENCERRANDO A POSSIBILIDADE DE EXISTÊNCIA DE OUTRA MÁSCARA POSTERIOR, TERRÍVEL E RISÍVEL, TEMOS
A figura do NEOTEATRAL OU CLÓVIS DE CHUVISCO
Com a queda do muro de Berlim e o advento da globalização, esta é o receptáculo das mais imediatas realizações do ideário up to date. Acreditando-se pós tudo e mais qualquer coisa, Desfila a si mesmo, e firma-se no universo do desconhecimento por sua atitude pendular: ora ridiculamente a droite, ora esquisitamente a esquerda. Dono de uma visão eminentemente pragmática firma seu estiloso savoir-faire sobre as mentalidades panis et circenses da cena pernambucana. Sua ideologia é o “EU” somente, com a qual símios de diversas tonalidades comungam, por ser quem são ou por acreditarem com a força de suas sazonais crenças que não custa nada ser bobo só uma vez e... Mais outra e mais... O neoteatral ou Clóvis de chuvisco muitas vezes, ou mesmo na maioria delas dá certo. Insensatamente os poderosos do dia, que sempre andam a cata de artistas para enfeitarem sua festa, ofertam o ombro amigo, a bolsa insegura... E o nosso Clóvis é confundido com uma figura de peso intelectual, de vigor moral: um estadista do oportunismo. Enfim, ora direis... Lá estará esse nosso 'visionário'.
NESTA PEQUENA LISTA, VOCÊS DESCOBRIRÃO OS CONHECIDOS, AMIGOS, E OS UTÉIS ADVERSÁRIOS DE NOSSOS GOSTOS E SIMPATIAS. ELES SÃO NOSSOS ESPELHOS... REFLETEM QUEM SOMOS, PERSONAS PLENAS, OU INFLADAS DE RÍDICULO, DIGNAS DE COMPAIXÃO, CARENTES DE SUAVIDADE E TERNURA COMO AS DO ELENCO ACIMA. É PRIMORDIAL RECONHECERMOS EM NÓS, O ENTRELAÇAMENTO DO RISÍVEL E DO TRÁGICO E FICARMOS ATENTOS PARA OS PAPEIS QUE IREMOS DESEMPENHANDO AO LONGO DE NOSSA VIDA. FUGAZES, TODOS. PORÉM, RICOS EM SUTILEZAS DO POSSÍVEL E DO IMPROVÁVEL.
NÃO TEMAM OS PAPÉIS SOLO. INICIAMOS NOSSA TURNÊ NESSE MUNDO DESSA MANEIRA. DESSA MANEIRA A ENCERRAREMOS. NÃO RECUEM NA HORA DO MEDO E DA GRANDE SOLIDÃO, MERGULHEM BEM FUNDO, ATÉ SENTIREM A INUSITADA DESCOBERTA, DE QUE MESMO ELES SÃO IMPERMANENTES, SÃO ILUSÃO.
O BEIJO FINAL SERÁ DADO POR NÓS E EM NOSSA PRÓPRIA BOCA. O APLAUSO SE FOR O CASO DE O MERECERMOS, DEVERÁ SER (OU PARECER?) NÃO COMO UM ESTRONDO E SIM, COMO UM SUSSURRO. (5)
NOTAS
1) Tendo em mente a figura de clowns, realizei em meados dos anos oitenta, um dos meus mais queridos trabalhos de encenação: O Arquiteto e o Imperador da Assíria, com Magdale Alves e Keóps Vasconcelos. As revelações de Federico Fellini em Fellini por Fellini iluminou-me o conceito desse espetáculo, fazendo-me reunir em cena a volubilidade dos palhaços carnavalescos de minha infância, gags da cena muda em p&b, e o definitivo recorte dos palhaços brancos dimensionados pelo mestre italiano. O lirismo presente na atuação desses dois atores personificava minha idéia de ser no palco: POESIA, POESIA, INCOMUNICABILIDADE e GESTO. Retorno com tal idéia em AVIDADIVA, e na atualidade com ATORES DA NOITE.
2) A encenação nasceu do átimo futurista de Bruno Corra e E. Settimelli. Essa experiência teatral foi levada a cena pelos alunos do Teatro de Estudantes do Centro de Artes, o TECA em 1985. O impacto do trabalho operava-se em cima da "surpresa" criada pela encenação: o retorno do texto ao seu inicio, refazendo o percurso das marcas anteriormente já desenhadas pelos atores dentro do espetáculo.
3) A PLAY IS A PLAY
4) O Padre Lopes Gama e seu indiscutível senso de humor são em parte co-autores dessa tipologia lombrosiano-circense
5) Penso ser de Wallace Stevens a citação que encerra o texto. É tudo!
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