DIARIO DE PERNAMBUCO - OPINIÃO
Lembrar é para aqueles que esqueceram-Renato Phaelante ESCRITOR, ATOR E PESQUISADOR DA FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO
Lembrar é para aqueles que esqueceram-Renato Phaelante ESCRITOR, ATOR E PESQUISADOR DA FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO
Uma história que remonta de 40 anos atrás acaba de ser contada em livro, pelo professor universitário, escritor e homem de teatro Carlos Bartolomeu. Ele, um homem ansioso por recompor um pouco do passado artístico desta Cidade em seu aspecto cultural. A história, o fato artístico do qual Pernambuco e o Nordeste podem se orgulhar, pela comprovação do talento, competência e criatividade de uma plêiade de profissionais que fizeram a dramaturgia radiofônica e, mais particularmente, a televisiva de toda a região. O trabalho de resgate desta memória foi conseguido por Carlos Bartolomeu, através de uma pesquisa minuciosa, calcada em depoimentos de pessoas que fizeram essa história. Personalidades que, comprovadamente, transformaram a cidade do Recife, daquela época, num dos pólos mais importantes, em caráter nacional, de produção e realização em TV, perdendo posição, apenas, para o Rio de Janeiro e São Paulo. O livro remete os leitores aos grandes teleteatros realizados à época pelo Canal 6 - TV Rádio Clube e Canal 2 - TV Jornal do Commercio, trazendo à tona de nossa memória alguns dos bons momentos de arte, lazer e cultura com textos de grandes autores, uma equipe técnica competente e atores muito talentosos. Tudo isso se harmonizando, para oferecer o melhor ao público telespectador da época. O elenco, tanto de técnicos quanto de atores, em sua maioria advindo do rádio ou dos mais distintos grupos do teatro local e de outros Estados do Nordeste, durante anos resistiram, com suas brilhantes atuações ao comando nacional das grandes redes que se afirmavam, cada vez mais, no Sudeste do país. Um dos depoimentos contidos no livro de Carlos Bartolomeu é o da veterana atriz Rosa Maria, emocionante desabafo sobre o fim desses bons tempos, quando ela afirma, entre outras coisas: O término foi crudelíssimo. Porque nós estávamos ensaiando no estúdio e o diretor mandou chamar o elenco e disse: a partir de amanhã não tem mais teleteatro (...), não tem mais programa, não tem mais nada, porque o Telecentro começa a funcionarem rede para o Brasil. (...) E nós ficamos boquiabertos, surpresos, decepcionados, chorando, tristes e... dizer o quê? Fazer o quê?(...). Este é, apenas, um dos trechos de uma memória que precisava ser resgatada para que a atual geração e as gerações futuras tomem conhecimento da importância e da realidade dos anos de ouro vividos pela televisão local, quando Pernambuco chegou, inclusive, a exportar tele-dramaturgia para o sudeste brasileiro, como foi o caso da novela A Moça do Sobrado Grande, sucesso sem precedentes à época. Livros como o de Carlos Bartolomeu, demonstram o quanto foi imposto ao Nordeste de uma cultura menos rica em qualidade, sem dúvida, farão parte da noveau histoire, da TV pernambucana.
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