31 de dez. de 2007







'INSIGHTFASHION'
Carlos Bartolomeu


Quase sempre as coisas do espírito são na verdade aquelas deixadas à margem; objetos, ações, sujeitos e sentimentos invisíveis ao nosso olhar imaturo. Discernimos menor tal representação, apenas creditando um significado olímpico quando o jogo encarna o impossível, o incompreensível, o ilimitado, o apartado de nossas vivências.
· Pequenos hábitos e sonhos diários que não nos damos conta porque repetitivos, as descobertas pessoais, muitas delas necessariamente incomunicáveis para o outro, a simplicidade, e um sem número de ocorrências sutis, suavemente invisíveis, não prevalecem
diante da arremetida defensiva que nos obrigamos frente à dinâmica da vida. Tal movimento nos indica o que é caminho e porto, ponto e travessão.
· Ser feliz é desiludir-se e ceder a pressão da leveza, é a sábia opção de se deixar conduzir pela voz interior que nos convida há sermos um dia de cada vez, a termos o vazio como prêmio, e desejo algum como aspiração.
· Talvez essas considerações sejam abstratas ou demasiadas em sua realidade, de fato é a finalização rebuscada daquelas coisas por nós abandonadas: a coisa menor e irreconhecivelmente livre, as coisas do espírito.
· Tal visão nos aponta para feliz aceitação da matéria e razão, para nossa sede de emergências, nossas necessidades de amores e compreensão como exercícios do infinito, aos quais devemos retornar com qualidade e busca preciosa.
· O espírito conhece a carne, a mortalidade. Reconhece a experiência como conduto de profunda sabedoria. O absoluto que nos habita, desmascara o peso, e surpreendentemente se apresenta como brisa, odor e passagem.
· A carne e a mortalidade são instâncias do absoluto, pluralidade do uno, complexidade do simples, jogos do Amor.
· As coisas pequeninas, esquecíveis, deixadas na estrada ao fim da tarde são permanentes, pois que não desejam para si... São elas, que nos acolhe quando tudo mais se vai, e completando sua viagem nos ajudam a nos dissolver no infinito que é nosso lugar.

Um comentário:

Anônimo disse...

A Poesia perpassa você, Carlos, ao tempo em que se inscreve na memória dos que a enxergam. Estes, aguardam seu retrono tal como Penélope espera Ulisses: medo e assombro, um ansiar e um desarmar-se. Tu, ao teu tempo, devias ler como escreves, observar e intervir com esta mesma amorosidade insightisfactionada. Nada. Tudo. À propósito, Atores da noite foi demais!!! Contudo, fica a pergunta: quando farão uma comédia clássica? Que tal Molière?