20 de fev. de 2010

  TRANSITÓRIA TEATRALIDADE .
CB

 Coisas velhas e novas, boas e más acompanham o fazer teatral. A mais perniciosa na atualidade é percurtida com respeito religioso pelos assim denominados  produtores culturais. Não perderei meu tempo, citando nomes, e uma das razões é que eles fazem tudo o que fazem, pela desavergonhada vontade de ingressarem no Olimpo. Há algo de nobre em tamanha irrisão.
Equacionando  espúrias articulações com os representantes espertos do poder,  suas   atuações  menos que avaliadas, são por estes avalizadas: realmente, é dando que se recebe... E  ao novo elenco de mando inclinam-se submissos, regurjitando a própria imaginação na vã tentativa de alcançar o  nivel  dos realizadores reais. No ensaio de uma aura modernosa nem sempre correspondem em honestidade e direito ao gesto criativo de artistas verdadeiros. Com   ambígua intenção recriaram um domínio no gerenciamento da estética, moldando figurinhas de escol,  ironicamente denominados curadores de festivais. Classicos pelegos, quero dizer, agentes das relações teatrais são personas com excessiva inclinação a arte de sugerir, gerenciar  ações, e pensamentos nas artes. Dentro das instituições materializam suas realizações, insuflando egos e as necessidades dos atravessadores cênicos,  e com isso usufruindo parte de  generosa dádiva publicitaria, realçando critérios da hora, avalizando modismos e achados.
 Bajulação e mediocridades de ambos os lados sustentam a relação 'privilegiada'.



 Indisponíveis a realidade de  se reconhecerem como espectadores privilegiados, ocupam  espaços, outorgando-se como principais na cena. Quem são, e o que de fato realizaram na arena dionisiaca? O que desejam com pretensão voluntariosa e assumida negatividade?
 Recibos são passados na relação obsediada da maligna corte. Ato contínuo, os agentes da crítica  aplicam-se a  roteiros destrutivos, a   leitura  limítrofe e raivosa, subtraindo legitimidade daqueles que ao sabor de suas existências, tecem a real poética da teatralidade.



 As circunstâncias, o entorno, as histórias de vida são deixadas de lado. A individualidade, o acento primário e rebelde,  as narrativas sugestionadas pela realidade local são afrontadas pelo  tom olímpico dos irados sujeitos.
 Suas idéias, verdadeiramente procedem da profunda compreensão  do espetáculo, ou seriam uma nova face  do beletrismo, de um certo  jeitinho avant gard de reinventarem  comissariados do povo, illustrações e mecenatos da transitoriedade?  
 Interrogo-me, se tais  máscaras sabem de fato entender e traduzir o processo e a obra de artistas da cena. Sabem eles, dar a mirada ética sobre aqueles distanciados  das sazonais construções dos modelos teatrais em voga?
 No concerto da diversidade é aceitável mesmo assim, a existência de tais personagens;  deplorável apenas, o fato implícito de suas idas e vindas, acontecerem ao gosto do subsistema de leituras informacionais, gerenciados pelo ímpeto do mercado ou ideológias.  Não fossem eles, reflexo de uma ideário que aspira o pensamento único, gracejando  da diversidade, do erro, e da transgressão, poderiamos nos dar apenas, por  insatisfeitos.  Todavia, são o que são, por se associarem ao pensamento subalterno e ultrapassado. Pois que de fato não auxiliam a desvendar rumos, articular pulsões, e dar sobrevôo as criatividades sinceras.
 Uma critica que não possa sustentar um dialogo ilustrado e enriquecedor não vale a pena, e nem deve ser levada a sério. A sua maneira perversa, não é ascultar com artisticidade e indicações positivas, a produção e seus diferenciais; de fato é, a negação do diverso, de um outro ponto de vista, e consequente interrupção no diálogo entre artistas e seus observadores.  
 Não realizar tal exercício é  desejo de poder, necessidade de mando sobre espíritos.  Ao longo da história das artes, tal atitude prevaleceu em tempos duvidosos, fazendo escola nas sociedades incapazes do dialogo real.

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