9 de nov. de 2009


APRESENTAÇÃO DA ENCENAÇÃO DE MadLeia
Carlos Bartolomeu


Entre risos, MADLEIA MAIS OU MENOS DOIDA cochicha coisas do popular, questiúnculas do pop, escritas, seriíssimos postulados e nostalgias afins. O roteiro teatral de Henrique Celibi esconde uma crítica bem humorada ao olhar determinante e o refinamento de gosto. Repensa a veemência com que os árbitros da cultura validam ou não, idéias e produções de ampla parcela criativa de nossos artistas. MAD debocha do grandioso, da dolorosa escolha, e dos passantes. Aqui, o profundo é apenas extensão, não acorda intensidade alguma.
Nossa encenação arrancada do surrado ou do repetitivo, costura contornos de apropriação do brega, viajando no melodramático, televisivo, no mal ou bem feito do entretenimento. MADLEIA abandonada por Jasão do erário cultural estrila com guizos nas roupas, inventando um folhetim pelmex, grávido da chanchada.
MADLEIA pinta seu rosto no espelho banal da paixão. Importa-se menos como verdade artística e sim, na competência de comunicar e repetir uma idéia sobre a violência do abandono e do ciúme.
MADLEIA refoga seu espetáculo na untuosa panela da autocomplacência sem pudor algum, cozinhando textos originais junto aos estilhaços do cancioneiro popularíssimo, e de uma recorrência a partituras físicas de primaria sugestão, cospe sonoramente na cara de muitos ou todos. Nada tendo a recuperar ou traduzir, faz disso, o sentido e finalidade. O espetáculo MAD enrola-se em idéias dramatúrgicas, sendo um musical em que o recorte naif e a escola da comédia radiofônica e televisiva canibalizam a festa.
Haja rito sem passagem e chá com pão...

<em>P/S. Dedicado à memória de “KOJAK” um cãozinho mexicano pertencente ao crítico e jornalista Valdi Coutinho, e que fez parte do elenco do TEO em DEBULERA por mim dirigido em 1976, Teatro de SANTA IZABEL, e também para “WHITE” um felino stanislavskiano do diretor José Francisco Filho.
Nov.09

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