A PROPÓSITO DOS CAFÉS
Carlos Bartolomeu
1 café não é tudo.1 café pode ser muito,
Se alguma coisa quente e perfumada é deixada para trás.
Suave-forte é sorver inteira, a Vida nossa. (in) completa.
A história que se foi. Tudo que nos foi dado. Por acaso? Não!
- Não, saudade de um café não pode ser tudo.
Além, tem mais, meu bem.1 Café? Será?
Se for, aos poucos ficará, apenas, uma lembrança à toa.
De nós, de tudo. Nunca, uma lembrança boa.
Reviso os planos n’água. Bolhas sobre ela.
Mágoa nenhuma. A poeira em seu lugar acentua o tempo.
A contínua distância, e na distância continua um não. O seu não.
Por outro lado, um sim da vida.
Você
Distante, ao lembrar, memorize. Odores quentes. Cheiros.
Fale da gente como quem tentou, e realizou aromas.
Fomos a Roma. Ao amor nos demos e saímos melhor.
Maior o teu suor no meu. Alguma lágrima, e talvez-adeus.
Adeus-sim. Adeus, não?
Você e eu quase lá, perto. Certo(s).
Tão próximos, eu e você.
Você e Eu: em cada lado do oceano.
A propósito de tudo isso. Naveguemos.
Um dia, nossos barcos cruzando
Outro plano, outro concerto,
Subindo o pano em verso de pé quebrado, arrepiem os pelos.
Amar, atracar, permanecer, sinaliza
Deixar, deixar-se. Ir-se, partir, sendo também,
A seu modo, também amar.
1 café deve ser tudo
Todo o motivo da saudade.
A cor, seu odor. Cheirar, sentir, beber.
Queimar-se. E ao rever, degustar o sabor.
A plena certeza de ter sido amado, nunca esquecido.
Sim, um café é tudo.
Encontrei meu amor num café.
Em outro café perdi a fé. Mais na frente, novamente um perfume quente me deteve. Café, cafés, bolos, lattes,
Cappuccinos, balas e biscoitos.
Chás, champanhas, licores,
Mingaus, papas e chistes,
1 combinado, e o destratado.
Valores e compras, traições e suas razões. Tensão e tesão.
Ciúmes e suas ambíguas aparições.
Memória solo, e nadinha de raiva, nadinha mesmo.
Apenas do verbo amar a vista limpa, a fé esclarecida.
E conosco a permanência daquilo que nos reconhece.
Frente ao nosso olhar aberto, o abraço que nos acolhe.
O corpo e o espírito do pertencimento.
O ido. O sempre. O nosso.
Os dedos digitam livres de anéis,
Aliciantes retomam no côncavo
Toda leveza do vazio. Olor, tonalidade marrom oscura bebericar. Esvaziar.
No fim da tarde, chá para dois.
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