3 de mai. de 2008


AO FIM DE TUDO...
“Olho para as sobras do espetáculo: é "vestígio, mas também revelação."
O preto e o branco da fotografia identificam na vestimenta das personagens, matizes dessa mesma coloração. O índigo transparece do casaco desbotado, roupagem de uma idade, adereço da ritualística de passagem. O corte dos vestidos das atrizes, os esquentes dos atores masculinos ocultam seus corpos, concentrando na gesticulação, nos movimentos das mãos e sobre suas cabeças, o manifesto da significativa melancolia de um tempo. Da minha maneira de encarar esse tempo.
Na disposição deles sobre o palco, no ângulo superior de seus corpos, endereçado ao futuro, a pausa é tudo. A pose estatuesca preserva a todo momento, a permanência. Há na constância dessas atitudes, um definitivo apelo a ser considerado: - 'Um sinal através das chamas'. Vazio e transbordamento.
A gestualidade retida nas imagens emite presença e ausência.
O significado precioso, que eu insisto em capturar nasce de um tempo íntimo, lançado do agora, e, ele desliza na superfície do memorável, de leve arranhando o velho desenho. Não há palavras. Lá, habita o espelho e o silêncio.
Algo de lá, atravessa o tempo, e comove minha alma. “


IN “UM SINAL ATRAVÉS DAS CHAMAS”. Carlos Bartolomeu

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